por Karin Hellen Froehlich

Tudo o que envolve produção, distribuição, consumo de roupas e acessórios de maneira social e ambientalmente responsável entra no conceito de moda sustentável. Globalmente fala-se cada vez mais sobre este tema, especialmente pelo impacto ambiental que a indústria da moda possui, agindo através da conscientização da indústria e dos consumidores sobre suas escolhas.

Anualmente a consultoria McKinsey lança o relatório “The State of Fasion” (“O Estado da Moda”, em tradução livre), que traz análises e insights sobre as principais tendências e desafios enfrentados pela indústria da moda, incluindo a moda sustentável. Segundo o relatório, o mercado de moda sustentável pode crescer até 20% ao ano, o que indica um potencial de transformação no setor.

Já vemos no mercado movimentação de diversas marcas que estão optando por fibras orgânicas como algodão e cânhamo, além de materiais reciclados como poliéster, reduzindo o impacto ambiental da indústria têxtil. No Brasil, a marca Osklen tem aliado ética e estética na formação do novo luxo. Já a Adidas lançou o End Plastic Waste, com diversas iniciativas para um processo de produção mais sustentável, assim como a Nike em sua jornada para zero emissão de carbono e desperdício.

Embora ainda haja desafios, existem na cadeia de fornecimento nacional iniciativas promissoras quanto a moda sustentável, como o algodão orgânico. Além disso, existem fornecedores locais de matéria-prima sustentável, como o couro de peixe proveniente da indústria pesqueira. O Senai Cetiqt, parceiro Texplay, através da inovação e tecnologia, trabalha no desenvolvimento de novas fibras para a indústria têxtil, como tecidos feitos a partir da fibra de bananeira.

Um excelente exemplo do progresso da moda sustentável no cenário global é crescimento em vendas por produtos mais sustentáveis de 66% entre 2013 e 2018, enquanto as vendas de moda convencional cresceram apenas 3% no mesmo período, segundo a consultoria Nielsen.

Assim como as marcas, os consumidores também estão mais conscientes quanto suas escolhas e preocupados com a sustentabilidade no planeta em que vivem. Com adoção de práticas sustentáveis conseguiremos construir uma sociedade mais sensível às questões ambientais, com isso impulsionar mudanças e desencadear ações que inspiram, influenciam e educam todas as partes interessadas. Confira algumas ações práticas e simples para promover um mercado de moda mais sustentável:

• Com o uso de energias renováveis nas fábricas, pode-se reduzir as emissões globais de carbono em 50% até 2030, de acordo com a Global Fashion Agenda.
• Adoção de práticas circulares, como a reciclagem de tecidos e o prolongamento da vida útil das roupas podem reduzir significativamente o desperdício dos resíduos têxteis, estima-se uma produção de mais de 92 milhões de toneladas produzidas a cada ano no mundo.
• Conscientização e transparência: a falta de transparência é um dos principais desafios para a moda sustentável, marcas devem ser transparentes sobre suas práticas de produção e materiais utilizados.
• Adoção de materiais sustentáveis como algodão orgânico e tecidos reciclados, ou ainda, implementar técnicas de produção de baixo impacto ambiental, como o uso eficiente da água.
• Melhor planejamento para redução do desperdício têxtil.
• Condições de trabalho justas respeitando os direitos humanos.
• Embalagens sustentáveis, recicláveis ou biodegradáveis para redução do impacto ambiental.
• Educação: a informação é a base para transformação e melhor conscientização da moda sustentável, compartilhar informações com veracidade apresentando os benefícios da adoção.

Essas são apenas algumas ações práticas, mas ainda há tantas outras para explorar e promover a moda sustentável. A conscientização e a colaboração entre o ecossistema têxtil (indústrias, confeccionistas e consumidores) são fundamentais para impulsionar a transformação do mercado de moda rumo a práticas mais responsáveis.